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A Lembrança do Frio de Esmirna

(Releitura do conto ''No cais de Esmirna / Ernest Hemingway )

                  Por: Marília Marques.


Era estranho, vovó Esmirna contava com o coração apertado de angústia, como tremia todas as noites à meia-noite. Todos os aprisionados durante o Regime Nazista no campo de concentração, amontoados: mulheres e crianças à espera da ordem de entrarem para o ‘’banho’’.


Fazia o frio da Alemanha nazista. O céu era todo vermelho e as estrelas ostentavam a suástica.


Formava-se uma fila enorme de judeus sujos, famintos e insultados pelos seguidores do ‘’Führer’’. Não dava para imaginar a fúria com que os soldados arrastavam uma criança nua que mal completara seus nove anos de idade. Arrastavam-lhe pelos braços e cabelos de forma que ela marcava o chão com o rastro da dor.


Vovó Esmirna no fim da fila observava todo aquele clima de horror e suspense. As mulheres e crianças não retornavam do ‘’banho’’. O que estava por vir? Ela recordava a doce lembrança do aconchego da família, desfeita numa noite de inverno tão fria quanto o ar que os soldados nazistas exalavam das narinas.


Contava-nos ainda em vida, das mulheres trancadas num quarto escuro que saíam apenas à luz do dia para jogarem numa vala os corpinhos que traziam junto ao peito, como que a aquecê-los. Eram seus filhos desfigurados – mortos! –que deviam ser jogados junto a tantos outros cadáveres pueris.


Os nazistas detinham o poder. Pervertiam mentes. Julgavam-se superiores.


Vovó Esmirna se lembrava do frio. Era com que mais tinha pesadelos. Também dos soldados que não ligavam para as mulheres que pariam ali, na mesma cavidade em que futuramente enterrariam seus corpos.


Os alemães daquela época eram tão espertos. Eles pretendiam purificar a raça ariana; livrar-se dos racialmente impuros. Torturavam e mandavam para as câmaras de gás aqueles ‘’corpos’’ pesados de sofrimento, que se debatiam como se fossem um amontoado de burros com as patas dianteiras quebradas, jogados na água rasa. Foi mesmo um regime muito agradável. Palavra que foi um regime agradabilíssimo.




Abre aspas: para ler o texto de Hemingway qual  me basiei para escrita deste conto, conferir:

http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=12514&cat=Artigos&vinda=S

fecha aspas.'' 



5 Comments:

  1. Larissa Araújo said...
    Muito legal o seu blog Marília, já tô seguindo.

    Muito bom o texto, sabia que tinha algo de familiar nele ehehe, só no final que vi a referência ao "No cais de Esmirna"
    Muito bom

    Beijo
    Taiane Nazaré said...
    É verdade Marília,tá no lugar certo!
    Parabéns!
    Abraços,
    Tai.
    Marla said...
    Apesar de não ter lido esse conto de Ernest, li uma obra dele intitulada "O velho e o mar", gostei bastante da forma simples e profunda com que ele escreve. Você está no mesmo caminho... =D
    Mari - Viver é uma dádiva! said...
    Engraçado que os textos dele são bem familiares, pela forma simples mas profundas com que escrevem!
    Muito bom! beijos Marilia! seu Blog é show!
    Paula Figueiredo said...
    Marília, estou sem palavras. Seus textos são lindos, incríveis, emocionantes, engraçados... Teceria mais mil adjetivos! Imperdível. Sensível! Muito prazer! ;) E continuemos a confiar na vida! ;)

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