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Relicário de carros e memórias

O colecionador de carros antigos na cidade de São Félix, Jonas Carvalho, 81, formado em Direito pela Universidade Católica de Salvador, conhecido como Dr. Jonas, adquiriu do pai o primeiro carro da coleção, um Fiat 1928.


A paixão em guardar coisas antigas surgiu a partir desse primeiro carro que de acordo com ele é o de maior valor da coleção, avaliado em torno de 400 mil reais. Desde a década de 1980 Dr. Jonas expõe seus carros na oficina Chevrolet que é visitada principalmente por turistas que vêm à região.


Além de colecionar automóveis, o carismático Jonas também coleciona relógios, bicicletas, baús com livros de guerra e becas da época de juiz; esses objetos ficam em outro espaço também na cidade de São Félix.
Os carros, que já foram expostos em Salvador por 10 dias, são disponibilizados para eventos, em especial casamentos, nas cidades próximas; “E os automóveis também serviram de modelo para gravação da novela portuguesa 'Equador' na cidade”, como afirma o zelador do espaço há trinta anos, Gilberto Carvalho. Para expor tem uma série de critérios que devem ser atendidos, como aquisição de seguro e responsabilidade de quem tomará conta do local.


O início

Jonas não sabe como surgiu essa paixão por objetos antigos. “Guardo porque tenho mania de guardar, não sei o porquê, é uma vontade que vem de mim”, afirma. E acrescenta: “Mas as pessoas da cidade não valorizam, pois pouca gente entende.”

A qualidade dos motores é considerada pelo colecionador como superior aos motores modernos, a exemplo de bons modelos antigos tem-se o V8 e os canadenses. Quando é preciso repor peças são feitos pedidos de fabricação em Salvador ou em Feira de Santana, já que as peças não estão mais no mercado.

A fim de ressaltar um fato curioso, diz que um dos seus carros mais antigos, o Cemil 1952, transportou Getúlio Vargas em Salvador quando Jonas era garoto e o carro ainda pertencia a seu pai.

Os carros mais recentes da coleção foram comprados há dez anos e são o Landau, o Maverick, o Alfa Romeu e o Fiat 147.

Perguntado sobre sua paixão por colecionar ele ressalta com bom-humor que tem algo que também gosta muito: mulher!!! “Colecionar não posso, eu apenas gosto”.

 Um senhor de gestos contidos e voz mansa, Valter Evangelista da Silva, aos 79 anos relata aos estudantes do curso de jornalismo da UFRB um pouco da sua história de vida marcada por quase 20 anos de alcoolismo; de como superou o vício e como auxilia outras pessoas a tratarem a doença que de acordo com o Ministério da Saúde atinge de 10% a 15% da população mundial.

Seu Valter é integrante dos Alcoólicos Anônimos (AA), instituição criada em 1935 por um médico e um advogado alcoólatras dos Estados Unidos, que já se faz presente em mais de 95 países e recuperou mais de 1 milhão de doentes. Para ele o alcoolismo é uma “doença mental, perversa, reflexiva e de determinação fatal’’ e o alcoólatra “um doente que precisa de tratamento e força de vontade para se libertar”.
A instituição dos AA a qual presta assistência é o Grupo Nova Esperança, fundado há mais de 20 anos na cidade de Cachoeira. Aí são recebidas em média um grupo de doze pessoas que se reúnem por duas horas aos domingos, que desejam parar de beber e buscaram ajuda.

O grupo oferece literatura específica que auxilia na conscientização dos dependentes, entre elas está os Doze passos dos alcoólicos anônimos, um conjunto de princípios baseados na experiência - êxitos e fracassos - dos primeiros membros de AA. O primeiro passo resume-se em reconhecer a impotência perante o álcool e a perda do domínio sobre suas próprias vidas. O último, em transmitir a mensagem aprendida com o grupo a outros doentes e praticar os princípios em todas as atividades.

As reuniões são feitas em conjunto para que cada um deponha sobre seu progresso e até onde foi a fim de evitar o primeiro gole. A família do doente também é convidada a participar de algumas sessões pois se reconhece que o alcoolismo adoece tanto o dependente como também sua família.
Ao ser questionado sobre a influência da publicidade para o aumento do consumo de álcool, seu Valter responde primeiramente diferenciando bebedores sociais dos compulsivos, sendo que estes são definidos como os que “bebem para dormir e acordam para beber” e conclui que “de certa forma a publicidade incentiva o consumo do álcool, mas o que deve ser feito é o governo mostrar mais os efeitos das drogas”, assim como age os AA que segue a filosofia da não-proibição e jamais diz “ ‘Não beba!’; tampouco critica a quem fabrica, quem vende e quem bebe, apenas a quem não sabe beber.”

Ao finalizar, seu Valter deixa uma mensagem aos que ouvem seu depoimento, em sua maioria jovens, principal alvo de consumo do álcool. “Pensem melhor quando estiverem com os amigos para não se exceder. Há discriminação até com quem bebe demais por causa dos riscos de briga e até morte. Faz vinte anos que deixei a bebida. Drogas e álcool nos adoecem e adoecem a família. Hoje não suporto mais o cheiro do álcool e cigarro; e aprendi que o caminhar ensina a todos o caminho certo.”

Seu Valter presta assistência ao grupo de alcoólicos anônimos Nova Esperança, em Cachoeira. As reuniões são aos domingos de 10h às 12h. O lema da instituição é “Se quer parar de beber o problema é nosso (AA); mas se quer continuar o problema é seu.”

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